35 REVISTA UNO + 1 Entrevista de José Antonio Llorente a Antonio Garamendi Antonio Garamendi Presidente da CEOE / Espanha P. Já se passaram muitos meses com a pandemia a condicionar o nosso dia-a-dia. Está claro, Antonio, que a situação que estamos a sofrer também vos colocou a vocês, líderes empresários, perante um desafio sem precedentes. Como avalia a gestão que está a fazer? Acha que responde ao que a sociedade exige? R. Acredito sinceramente que esta crise tão dramática está a revelar o melhor de cada um. Mas também serve para nos conscien-cializar a todos para o papel das empresas na economia e na sociedade. Desde a gestão particular de cada negócio, em que, todas as empresas se esforçam ao máximo para manter a atividade e o emprego, até aos acordos que as organizações empre-sariais estão a celebrar no âmbito do diálogo social, a verdade é que nós, empresários, assumimos, se possível, mais conscientes, que somos o motor da economia. Isto ficou claro durante a cimeira que reali-zámos na CEOE no passado mês de junho, onde a principal mensagem transmitida foi que as empresas são parte, senão a pedra angular da recuperação, e que assumimos e queremos liderar a saída da crise, porque o nosso objetivo final é o bem comum. Se correr bem, correrá bem para todos, que é o nosso objetivo prioritário. Nesse sentido, e para resumir, acredito que os empresários estão onde as circunstân-cias o exigem e, com o passar dos anos, e quando olharmos para trás, perceberemos que estivemos presentes e cumprimos com a sociedade quando esta precisou de nós. P. Imagino que, como líder empresarial, já pode retirar alguma aprendizagem do que viveu e sofreu até agora, que lições tira? R. Muitas e muito importantes, porque esta situação coloca-nos, como disse, na primeira linha de fogo e exige respostas e resultados de nós. Acertaremos ou falharemos, mas aprenderemos com tudo isto. Alguns destes ensinamentos são claros: o líder dá a cara e desempenha um papel fun-damental em alturas de mudança e crise, como os que estamos a viver. O seu papel centra-se no seu trabalho para transformar e colocar as pessoas no centro. O líder deve saber mobilizar a partir das emoções, con-seguir impulsionar ações e adaptar-se às necessidades da sociedade. Acho que um exemplo claro disso foi a nego-ciação dos expedientes de regulamentação do trabalho (ERTE). É algo que os emprega-dores acordaram no passado mês de março com os sindicatos antes de entrarem em diálogo social com o Governo.